Tubo de citrato de sódio: Por que tem validade mais curta?
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Os tubos de coleta, exceto o tubo de tampa branca, possuem aditivos (anticoagulantes, ativador de coágulo ou conservantes) no seu interior. Desse modo, a quantidade desses aditivos deve ser calibrada para o volume de cada tubo, de forma que respeite a proporção ideal de aditivo/sangue exigida. Por exemplo, considerando um tubo com citrato de sódio(anticoagulante), se for colocado menos sangue do que o volume referência, haverá muito anticoagulante para a amostra, diluindo o sangue; e se for colocado sangue a mais, haverá uma parte deste que não será adequadamente anticoagulada. Além disso, a morfologia de algumas células pode ser alterada quando a proporção não é respeitada.
A fase pré-analítica é apontada como a grande responsável pelos erros laboratoriais, uma vez que a grande evolução e automatização das fases analíticas e pós-analíticas colaboraram com a diminuição do número de erros nessas fases.
Por isso, a coleta de sangue no sistema fechado apresenta diversos avanços.
Coleta no sistema fechado
Uma das vantagens da coleta de sangue no sistema fechado, aquele em que o sangue é aspirado da veia para o tubo de coleta a vácuo, é exatamente o preenchimento de volume adequado de sangue para cada tubo, pois o vácuo no tubo é suficiente para o volume de sangue desejado, diminuindo a incidência de erros.
A concentração de aditivo/sangue é ainda mais crítica quando envolve as amostras para provas de coagulação, aquelas coletadas em tubos com citrato – tampa azul clara. A proporção ideal é de uma parte de citrato para nove partes de sangue. Ao passo que se for colocado menos sangue do que se deve é a ativação plaquetária, que irá alterar o resultado de estudo das plaquetas.
De fato, essa proporção é tão importante que em alguns casos pode ser necessário preparar, na hora da coleta, tubos com a quantidade de citrato calculada especificamente, com base no hematócrito do paciente.
Além disso, por causa dessa criticidade na análise de coagulação, o sangue deve ser coletado preferencialmente em sistema fechado. Quando é necessário coletar com seringa, deve-se retirar a agulha e adicionar o sangue pelas paredes do tubo aberto, devagar. A SBPC e o Ministério da Saúde expressamente contraindicam a perfuração da tampa do tubo com a agulha para passagem do sangue no tubo de citrato.
A evolução dos tubos de coleta
Os tubos de coleta de vidro foram os primeiros a surgir no mercado, mas como ocorriam diversos acidentes, foram desenvolvidos tubos de coleta de plástico. Estes tubos são mais seguros, porém, ao longo do tempo, perdem um pouco do vácuo e são porosos, permitindo uma pequena transferência de água para dentro/fora dos tubos. A perda do vácuo diminui o volume de sangue que será preenchido no tubo, enquanto a transferência de água diminui/aumenta a concentração dos aditivos. Em ambos os casos, poderá haver alteração dos resultados laboratoriais, gerando resultados alterados. Por isso é importante o armazenamento dos produtos (estoque) nas condições recomendadas pelos fabricantes.
Baseado em tudo isso, os fabricantes de tubos de coleta fazem rigorosos estudos de desempenho para definir a validade dos tubos de citrato, e assim, garantir resultados precisos.
De qualquer forma, é certo que os tubos plásticos com citrato têm sua validade reduzida quando comparado com outros aditivos. Uma forma de contornar essa diminuição na validade é a adição de outra camada na parede dos tubos, sendo a camada interna feita em PP (polipropileno), que impede a passagem de água, e a externa em PET (tereftalato de polietileno), que preserva o vácuo. Essa dupla camada permite o aumento da validade dos tubos, em contrapartida, aumenta os custos de produção.
Tubos de Coleta Citrato de Sódio
Referência
- The Evolution of Evacuated Blood Collection Tubes. 2009
- Manual de Diagnóstico Laboratorial das Coagulopatias Hereditárias e Plaquetopatias. 2016
- Pre-Analytical Within-Laboratory Evacuated Blood-Collection Tube Quality Evaluation. 2018
- Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML): fatores pré-analíticos e interferentes em ensaios laboratoriais. 2018.
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