Guia Completo de Boas Práticas de Centrifugação
5 min de leitura
Por que a centrifugação é essencial?
A centrifugação é uma técnica amplamente utilizada em laboratórios clínicos, de pesquisa e de diagnóstico. Sua função principal é separar componentes de uma amostra com base na densidade por meio da força centrífuga. Seja para isolar o plasma sanguíneo, sedimentar células ou preparar amostras microbiológicas, a eficácia do procedimento depende diretamente da adoção de boas práticas.
Entretanto, erros simples como tempo ou velocidade inadequados, balanceamento incorreto ou falhas na preparação da amostra podem comprometer toda uma análise. Por isso, reunimos neste guia as principais recomendações para garantir segurança, precisão e confiabilidade em cada etapa da centrifugação.
1. Preparação Correta das Amostras
a. Escolha do tubo ideal
Utilize tubos compatíveis com o tipo de amostra, o rotor da centrífuga e os reagentes envolvidos. A resistência à centrifugação, ao calor e a produtos químicos deve ser considerada.
Exemplos:
- Tubo com gel separador: ideal para análises clínicas de bioquímica.
- Tubo com EDTA: recomendado para hematologia.
- Tubo de polipropileno: para amostras sensíveis ou com solventes orgânicos.
b. Rotulagem adequada
A identificação clara e resistente a atrito ou umidade é indispensável. Use etiquetas específicas para laboratório e evite que cubram áreas críticas do tubo.
c. Prevenção da contaminação cruzada
Trabalhe com instrumentos limpos e ambiente asséptico. A contaminação pode alterar resultados ou comprometer a integridade da centrífuga ao longo do tempo.
2. Parâmetros Críticos: Tempo e Velocidade na Centrifugação
a. Entenda a diferença entre RPM e RCF
- RPM (rotações por minuto): velocidade do rotor.
- RCF (força centrífuga relativa): mede a força real aplicada à amostra, expressa em ×g.
A mesma velocidade (RPM) em rotores com tamanhos diferentes gera RCFs diferentes. Por isso, é fundamental converter corretamente RPM em RCF usando a fórmula:
RCF = 1,118 × 10⁻⁵ × r × (RPM)²
Onde r é o raio do rotor (em cm).
b. Ajuste do tempo de centrifugação
Cada tipo de análise possui recomendações específicas. Centrifugar por tempo insuficiente pode resultar em separação incompleta, enquanto o excesso pode danificar as células ou alterar a concentração dos analitos.
Exemplos práticos:
- Plasma (EDTA): 1500–2000 g por 10 minutos.
- Soro: 2000–3000 g por 10 minutos.
- Urina para sedimento: 400 g por 5 minutos.
3. Segurança no Processo de Centrifugação
a. Utilize os EPIs corretos
Luvas, jaleco e óculos de proteção devem sempre ser usados, especialmente quando há risco de contato com fluidos biológicos ou produtos químicos.
b. Balanceamento das amostras
- O balanceamento não se limita à simetria de volume: é essencial equilibrar a massa.
- Distribua os tubos de forma simétrica no rotor.
c. Verifique o travamento da tampa e do rotor
Antes de iniciar a centrifugação, assegure-se de que o rotor está bem encaixado e a tampa travada. Isso evita acidentes e perdas de amostras.

4. Manutenção e Limpeza da Centrífuga
a. Limpeza diária
- Limpe o interior da centrífuga com pano macio e álcool 70%.
- Evite acúmulo de resíduos biológicos.
b. Higienização dos rotores
- Remova o rotor e limpe com detergente neutro ou solução recomendada.
- Seque completamente antes de remontar.
c. Manutenção preventiva
Siga o plano de manutenção recomendado pelo fabricante:
- Verificação de rolamentos e borrachas.
- Teste de travas e sensores.
- Calibração da velocidade e tempo.
5. Resolução de Problemas Frequentes
Problema | Causa Provável | Solução |
Vibração excessiva | Tubos desbalanceados ou mal posicionados | Reorganize os tubos e equilibre a massa |
Centrífuga não liga | Tampa mal fechada ou fusível queimado | Verifique o encaixe e consulte o suporte |
Separação incompleta | Tempo ou força centrífuga inadequados | Ajuste os parâmetros conforme protocolo |
Ruído alto durante o uso | Rotor mal instalado ou peças soltas | Faça a verificação técnica |
6. Armazenamento e Transporte de Amostras Centrifugadas
Após a centrifugação, muitas amostras devem ser armazenadas sob condições específicas:
- Temperatura controlada (refrigeradas ou congeladas).
- Proteção contra luz (exames hormonais, vitamínicos).
- Recipientes herméticos para evitar evaporação ou contaminação.
O transporte deve seguir as normas de biossegurança, especialmente para amostras infectantes ou com substâncias químicas perigosas.
7. Boas Práticas Adicionais e Treinamento da Equipe
- Realize treinamentos periódicos com a equipe sobre uso seguro da centrífuga.
- Mantenha checklists de uso e manutenção.
- Documente ocorrências ou falhas no processo.
A centrifugação é um processo técnico que exige atenção a detalhes operacionais, parâmetros físicos e medidas de segurança. Dominar cada etapa não apenas evita falhas como também garante a confiabilidade dos exames, a segurança do operador e a longevidade do equipamento.
Incentivar boas práticas no seu laboratório é investir em qualidade analítica e em diagnósticos mais precisos.
Referências
Produtos
Relacionados
Artigos relacionados
Colesterol e Perfil Lipídico: O que é e sua importância na avaliação de doenças cardiovasculares
5 min de leitura
Boas práticas na coleta de sangue: a importância de procedimentos eficientes
4 min de leitura
Como Melhorar a Qualidade dos Resultados Laboratoriais em Análises Clínicas
5 min de leitura