Diagnóstico Laboratorial da Leucemia
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O Fevereiro Laranja é uma campanha dedicada à conscientização sobre a leucemia e à importância da doação de medula óssea. Essa doença afeta milhares de pessoas ao redor do mundo, e o diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de sucesso no tratamento.
O que é a Leucemia?
É um tipo de câncer que compromete a medula óssea, responsável pela produção das células sanguíneas. A doença provoca um crescimento descontrolado de células anormais, principalmente glóbulos brancos, prejudicando a defesa do organismo e afetando a função normal do sangue.
Dados sobre a Leucemia
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2020, foram estimados 475 mil casos no mundo, representando 2,5% de todos os tipos de câncer. No Brasil, a estimativa é de 11.540 novos casos anuais entre 2023 e 2025, sendo 6.250 em homens e 5.290 em mulheres. Em 2020, ocorreram 6.738 óbitos no país.
Fatores de Risco
Idade
- A leucemia pode surgir em qualquer faixa etária, mas alguns tipos são mais comuns em determinadas idades. Por exemplo, a leucemia linfoblástica aguda (LLA) é mais frequente em crianças, enquanto a leucemia mieloide aguda (LMA) é mais comum em adultos e idosos.
Histórico Familiar
- Ter parentes de primeiro grau com leucemia pode aumentar o risco de desenvolver a doença, especialmente se houver histórico em parentes jovens ou em mais de um membro da família. No entanto, a maioria dos casos não está relacionada a fatores hereditários.
Exposição a Substâncias Químicas e Radiação
- A exposição prolongada a certas substâncias químicas, como o benzeno (presente em alguns solventes, tintas e derivados do petróleo) e o formaldeído (utilizado na indústria de móveis e tecidos), pode aumentar o risco da neoplasia.
- A radiação ionizante, como a utilizada em exames de imagem em altas doses ou em acidentes nucleares, também é um fator de risco conhecido para a doença.
Tratamentos Oncológicos Anteriores
- Pacientes que já realizaram tratamento com quimioterapia ou radioterapia para outros tipos de câncer podem ter um risco aumentado de desenvolver leucemia secundária, especialmente se o tratamento envolver o uso de determinados medicamentos ou doses elevadas de radiação.
Alterações Genéticas
- Algumas condições genéticas, como a síndrome de Down, a anemia de Fanconi e a síndrome de Bloom, estão associadas a um risco aumentado desse tipo de câncer.
- Mutações genéticas específicas, como a translocação do cromossomo Filadélfia, também podem aumentar o risco de leucemia.
Outros Fatores de Risco
- Tabagismo: O cigarro contém substâncias tóxicas que podem danificar o DNA das células e aumentar o risco de leucemia.
- Doenças infecciosas: Alguns vírus, como o HTLV-1 (vírus linfotrópico de células T humanas) e o EBV (vírus Epstein-Barr), estão associados ao desenvolvimento de certos tipos da neoplasia.
- Doenças hematológicas: Algumas doenças do sangue, como a mielodisplasia e a policitemia vera, podem aumentar o risco de leucemia.
Principais Tipos de Leucemia
A doença pode ser classificada em quatro tipos principais:
Leucemia Linfocítica Crônica (LLC)
Mais comum em adultos mais velhos, esse tipo afeta os linfócitos e tem progressão lenta. Muitas vezes, é descoberta em exames de rotina devido ao aumento na contagem de linfócitos.
Leucemia Mieloide Crônica (LMC)
Relacionada a uma alteração genética chamada cromossomo Filadélfia, leva à produção excessiva de células mieloides.
Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA)
Mais frequente em crianças, tem um desenvolvimento rápido e envolve a produção descontrolada de linfoblastos anormais.
Leucemia Mieloide Aguda (LMA)
Predominante em adultos, essa forma agressiva afeta os mieloblastos, comprometendo a produção normal das células sanguíneas.
O Hemograma no Diagnóstico da Leucemia
O hemograma é um exame laboratorial fundamental para avaliar as células sanguíneas e seus componentes. Ele fornece informações valiosas para identificar diversas condições, incluindo a leucemia. O hemograma é composto por três partes principais:
Eritrograma
- Avalia os glóbulos vermelhos (hemácias), responsáveis por transportar oxigênio para os tecidos do corpo.
- Mede a hemoglobina (proteína que transporta oxigênio), o hematócrito (porcentagem de glóbulos vermelhos no sangue) e o número de hemácias.
- Em pacientes com a doença, o eritrograma pode revelar anemia (diminuição da hemoglobina), que pode causar fadiga, fraqueza e palidez.
Leucograma
- Avalia os glóbulos brancos (leucócitos), responsáveis por defender o organismo contra infecções.
- Mede o número total de leucócitos e a proporção de cada tipo de leucócito (neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos).
- Na leucemia, o leucograma pode apresentar alterações como leucocitose (aumento do número de leucócitos), leucopenia (diminuição do número de leucócitos) ou a presença de blastos (células jovens anormais) no sangue.
Plaquetograma
- Avalia as plaquetas, responsáveis por ajudar na coagulação do sangue e prevenir sangramentos.
- Mede o número de plaquetas.
- Em pacientes com a neoplasia, o plaquetograma pode revelar trombocitopenia (diminuição do número de plaquetas), o que pode aumentar o risco de sangramentos.
O Microscópio no Diagnóstico da Leucemia
O microscópio é uma ferramenta essencial no diagnóstico da doença, permitindo a análise detalhada das células sanguíneas e da medula óssea. Através da microscopia, é possível identificar alterações importantes que auxiliam no diagnóstico e classificação da leucemia.
Morfologia Celular
- A observação microscópica do sangue periférico ou de amostras de medula óssea permite identificar alterações na forma, tamanho e características das células sanguíneas.
- Em pacientes com leucemia, é comum encontrar células imaturas ou anormais, como os blastos, que são células jovens que não se diferenciaram corretamente.
Contagem Diferencial
- A contagem diferencial de leucócitos, realizada com o auxílio do microscópio, determina a proporção de cada tipo de célula branca no sangue.
- Um aumento anormal de blastos ou outras células anormais pode indicar leucemia.
Identificação de Blastos
- A presença de blastos na medula óssea e no sangue é um critério fundamental para o diagnóstico de leucemia.
- O microscópio permite identificar essas células anormais, que se proliferam descontroladamente na leucemia.
Importância do Hemograma e da Microscopia
O hemograma e a microscopia são exames complementares que fornecem informações valiosas para o diagnóstico da leucemia. Eles auxiliam na identificação de alterações nas células sanguíneas, como anemia, alterações nos leucócitos e plaquetas, e na identificação de células anormais, como os blastos.
É importante ressaltar que o diagnóstico definitivo da leucemia requer a análise da medula óssea, através do mielograma e da biópsia, além de outros exames complementares. No entanto, o hemograma e a microscopia são ferramentas importantes para o diagnóstico inicial e o acompanhamento da leucemia.
Referências
https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/leucemia
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